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HISTÓRIA de PORTUGAL de COR e ao ACASO escrita por MIM para as MINHAS 4 PRIMAS.

HISTÓRIA de PORTUGAL de COR e ao ACASO escrita por MIM para as MINHAS 4 PRIMAS.

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Portugal vive lá em baixo
no lugar do Sudoeste da Europa
mais afastado de Paris.

É o último coração Europeu antes do Mar,
um coração como o Mar
que não pára nunca
nem à noite.

No alto
o Sol Nacional Português
que torna as mulheres belas como maçãs
e os homens duros como mastros.

Temos vendedoras de peixe
que caminham nas ruas
como barcos sobre a água;
casam-se com os pescadores
que têm cabeças de Oceano
e calças azul-marinho.

(Depois de uma dúzia de anos
dá uma dúzia de novos pequenos marujos.)

Temos todos os rios de que precisamos;
o Tejo é o maior,
não quis ficar em Espanha
onde nasceu.

Há também pequenos cavalos
malhados como as vacas
e que passeiam depois do jantar
muito contentes por serem portugueses.

O Sol faz crescer as melancias
em volta das pequenas casas de campo;
há gente que vem almoçar sobre a relva
para ver o Sol fazer crescer as melancias.

Aos domingos vai-se procurar uma Maria para casar.

Eu também amo uma Maria,
quero muito que ele seja minha,
ela diz que eu estou muito bem
e eu acho que ela é a mais bonita.
Casar-nos-emos,
toda a gente o diz.

Eu e as minhas 4 primas
inventámos um jogo para jogar em casa
quando chove no jardim.
Agrada-nos tanto este jogo
que nos dias em que não chove
vamos para dentro de casa
como se chovesse já.

O nosso primeiro Rei
era um gigante,
dizem as gentes
que por isso
foi Rei.

Num combate contra os sarracenos
ficou sozinho sem soldados.
Nosso Senhor Jesus Cristo
veio em seu socorro
e os dois ganharam a guerra
contra os sarracenos.
Conta-se isto em heráldica
na bandeira nacional.

Na idade média,
altura em que se pensou muito
o Rei João primeiro
casou-se por amor
(com o consentimento do povo português)
com uma dama inglesa muito bonita
que deu à luz 4 portugueses:
1 Rei
1 Herói
1 Santo
1 Sábio

Este último foi um grande matemático.
Mediu o Mar com a sua matemática
num tempo em que faltava ainda inventar matemática.

Desenhou dia e noite sobre o mapa do mundo
para decifrar o Mar.
Fizeram-se barcos e barcos
para repetir sobre o Mar
os desenhos a lápis
que ele tinha feito sobre o mapa do mundo.

Descobre-se o Cabo da Boa Esperança
e toda a Europa começa a tornar-se maior do que na Geografia.

Também um português fez a primeira viagem à volta do mundo
tão simples como o olho dá a volta a uma laranja.

E não decifrámos apenas o Mar.
Guillaume Apollinaire
no Bestiário
conhece um português,
«Dom Pedro d’Alfarrobeira»
que «com os seus quatro dromedários
correu o mundo e admirou-o.
Fez o que eu gostaria fazer
se tivesse quatro dromedários».
Diz Guillaume Apollinaire
sobre esse português.

EU em Paris a 24 de abril de 1919

José de Almada Negreiros in Poemas , Assírio & Alvim, reimpressão janeiro 2023, página 268

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