ESCREVER para esta rubrica reflete os laços que tento manter para uma experiência internacional prolongada e saudável, a família, os amigos, a Maia. Tenho 27 anos, sou licenciado em Comunicação Empresarial e em 2012 parti rumo a Budapeste. A ambição por desenvolver uma carreira internacional surgiu cedo pelo que me movi nesse sentido desde a vida académica. Tive a oportunidade de fazer parte de um meio universitário empreendedor que proporcionou o início de uma longa viagem à qual pretendo dar continuidade por bastante tempo.
No inicio de 2010 surgiu a primeira grande chance: um projeto organizado por algumas entidades europeias para a criação de um produto/ marca na Finlândia.
A euforia foi uma constante ao longo desta experiência da qual destaco a fantástica organização deste país, a segurança, o sentido prático do cumprir com as obrigações sociais o que se reflete no nível de vida que a população tem.
O contexto social, académico e empresarial com os quais tive contacto foram a base para a criação de um perfil que atualmente me permite procurar desafios a um nível global com a vontade de continuar a explorar, a aprender, a crescer.
Gosto de relembrar a forma peculiar que a organização encontrou para “quebrar o gelo” entre os participantes: um parque polar, temperatura a rondar os – 20°C, indumentária de verão e um instrutor que nos guiou durante o ritual usado para enfrentar as adversidades climatéricas que se vivem por esta parte do globo, ou seja, alternar entre sauna e mergulhos num lago literalmente gelado. Tervetuloa (Bem-vindo)!
Foi sem dúvida o constatar da sintonia entre ambição e expectativas com a realidade.
Passados alguns meses, ainda em 2010, imbuído no espírito da experiência anterior consegui uma segunda oportunidade para dar seguimento a este meu plano de carreira.
Desta feita o programa ERASMUS abriu as portas da Roménia para um projeto na área da comunicação empresarial.
Um país afável, onde as pessoas apesar das discrepâncias sociais existentes são felizes e transmitem esse mesmo sentimento a quem chega.
Em termos profissionais, foi sem dúvida uma ótima oportunidade para crescer num ambiente mais relaxado.
Depois do arranque que 2010 representou e terminados os estudos dei início a uma pesquisa criteriosa para encontrar o passo seguinte sendo que a prioridade foi dada às funções a desempenhar uma vez que quanto a locais a disponibilidade era total.
A inspiradora Biblioteca Municipal foi o cenário onde recebi a tão esperada resposta positiva, destino: Hungria.
Apenas com um pré-contrato assinado com uma empresa norte-americana, parti sozinho para o que até à data foi a mais longa experiência deste meu trajeto.
Acredito veemente que as viagens de lazer e as experiências anteriores contribuíram para uma adaptação rápida e extremamente positiva a uma realidade muito diferente da nossa.
Em Budapeste o dia-a-dia é vivido por entre uma quantidade enormíssima de avenidas, edifícios, monumentos e vistas dignas de postais. Principalmente Peste.
O idioma é um autentico desafio. Muito dificilmente se encontram correspondências com o nosso português.
Por exemplo, da nossa palavra “polícia”, conseguimos encontrar noutros idiomas: “police”, “policía”, “polizei”, “policja”. A tradução para o húngaro é: “rendorség”.
O clima continental leva as temperaturas a extremos tanto no verão como no inverno. O vinho quente ajuda a superar a parte das temperaturas negativas. É curiosa a gestão de preços tendo em consideração que se encontram artigos nas lojas a custar 299 florins, sendo que a moeda de valor mais baixo é de 5 florins. A população simplesmente aceita uma perda contínua.
Alguns dos melhores locais para diversão noturna são edifícios abandonados (“ruin pubs”). Autênticos pontos de atracão turística.
Com o tempo torna-se normal “tropeçar” em avenidas encerradas devido à predileção de muitos produtores de Hollywood por Budapeste.
Uma cidade segura, onde o espírito local e internacional se misturam num ambiente festivo constante que contagia a própria rotina diária.
Poderia continuar por bastantes mais linhas mas convém guardar um pouco para uma visita que recomendo totalmente.
É incrível a frequência com a qual surge a questão: “Porquê deixar um país como Portugal?” É verdade… Independentemente da situação menos positiva que o nosso país vive em algumas vertentes, a imagem de Portugal prevalece como um destino de sonho não só para visitar mas também para viver.
Hoje, estou a escrever este texto já em Varsóvia. Cheguei há uns dias para um novo desafio.
Custou deixar Budapeste mas o objetivo é continuar a crescer pelo que é agora a vez da Polónia. Foi preponderante o facto de se tratar de um país onde se tem registado um crescimento exponencial, bem como tudo o que Varsóvia oferece como cidade e a oportunidade profissional que surgiu.
De todas as minhas experiências anteriores, trouxe comigo as pessoas, as vivências, os valores, o conhecimento. É este acumular que me move pelo que sei que um dia vou partir de Varsóvia mas certamente com mais bagagem.
A quem de alguma forma equaciona este tipo de aposta recomendo que avance, de uma foram criteriosa e segura, mas avance.
É incrível ver como os laços se criam de uma forma tão forte quando vivemos no estrangeiro, quando partilhamos esta vivência com pessoas na mesma situação, ter contacto com culturas diferentes, sentir a aliciante do contacto com cenários internacionais, desenvolver uma aprendizagem contínua em diversos ambientes empresariais, expandir a rede de contactos.
Por curiosidade realço que na época em que vivemos, o mundo tornou-se tão “pequeno” que consegui em 7 anos estudar e colaborar profissionalmente em 4 países diferentes com dois amigos da universidade.
São realmente experiências a ter, seja em termos académicos ou profissionais. Mais do que abrir portas, abrem horizontes!
Um abraço,
Por João Faria publicado no Notícias da Maia