NATURAL de Aguçadoura, Luísa Silva tem 24 anos e é enfermeira. Face à falta de emprego em Portugal, decidiu rumar a Inglaterra para exercer a profissão. Foi no intervalo da correria diária no NHS Southampton General Hospital que nos cedeu uns minutos para uma breve entrevista.
AVP: Como é que surgiu a opção de trabalhar em Inglaterra?
LS: Quando frequentava a universidade, sempre ouvi falar de colegas que emigravam para Espanha e não desgostava da ideia. Durante o curso, apercebi-me da dificuldade gerada em Espanha por causa da crise e descartei esta solução. Comecei a mentalizar-me que a melhor opção seria Inglaterra, até porque já dominava a língua inglesa. Acabei por abalar no final da minha licenciatura. Foi a decisão mais assertiva em termos de evolução na carreira. Eu queria muito exercer a profissão enfermeira. É um trabalho de que gosto e de que me orgulho.
AVP: Qual é a sensação de viver e trabalhar em Southampton?
LS: Para mim, viver e trabalhar no sul de Inglaterra são duas sensações diferentes. Por um lado, trabalhar aqui é um privilégio, pois encontro-me num dos mais conceituados hospitais desta área. Temos um grande centro de trauma, ramo que me desperta mais interesse. Tenho a oportunidade de trabalhar no serviço de urgência, onde aprendo todos os dias e é extremamente gratificante. Por outro lado, apesar de Southampton ser relativamente grande, não é a cidade onde tenciono viver para sempre. Fui extremamente bem acolhida por cá. Somos uma comunidade de cerca de 150 portugueses a trabalhar no hospital, o que facilita. No entanto, nunca me vou conseguir habituar ao frio e à chuva daqui.
AVP: Do que é que sente mais falta?
LS: É da família e dos amigos. Fiz bons amigos por cá e são um grande apoio, mas é natural ter saudades. Sinto que perco muitos acontecimentos importantes dos membros da minha família. Isso, por vezes, entristece-me. A comida também me deixa saudosista. Aqui é difícil encontrar um local onde se coma bem por menos de 30 euros. Não há nada como a comida da mãe e o sol e calor de Portugal.
AVP: Aconselha outros enfermeiros a seguirem as suas pisadas?
LS: Sim. É difícil para recém-licenciados conseguirem uma boa oportunidade de emprego no nosso país. Aqui pode-se escolher a especialidade e há a vantagem de frequentar cursos e pós-graduações, pagos pelo Serviço onde se trabalha. Como o salário é bastante superior proporciona uma melhor qualidade de vida. Na minha opinião, a grande emigração de enfermeiros não mudará tão cedo, devido à excelente progressão de carreira que encontram fora de Portugal.
Por Inês Mata publicado in A VOZ DA PÓVOA