para Nuno Júdice
Esta luz que atravessa a janela,
esta claridade solar que não dói,
subtil como folha que plana,
aninha nos meus ossos.
A luz de julho em Lisboa possui uma cor,
nem branca nem amarela,
dourada.
Como as folhas de um livro muito velho,
esta luz também repousa sobre as prateleiras,
funde-se na biblioteca e nas minhas mãos.
Pensar e sentir.
Luz e janela.
Lisboa fora e dentro.
Uma mancha dourada sobre todas as cores.
Só a janela me separa do mundo.
A luz que me visita é uma verdade alegre
no meio de tanta incerteza.
in Viver tão por dentro, The poets and dragons society, tradução de Nuno Júdice