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Natureza morta com louva-a-deus por Fiama Hasse Pais Brandão

Natureza morta com louva-a-deus por Fiama Hasse Pais Brandão

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Foi o último hóspede a sentar-se
no topo da mesa, já depois do martírio.
As asas magníficas haviam-lhe sido quebradas
por algum vento. Perdera o rumo
sobre a película cintilante de água
no riacho parado. Tal como poisou
junto de nós, com o belo corpo magro
arquejante, lembrava, ainda segundo o seu nome,
um santo mártir. Enquanto meditávamos,
a morte sobreveio, e a pequena criatura,
que viera partilhar a nossa mesa,
depois de ter sido banida das águas
foi banida da terra. Alguém pegou
no volúvel alado corpo morto
abandonado sem nexo na brancura da toalha
– que maculava –
e o atirou para qualquer arbusto raro
que o poeta ainda pôde fotografar.

in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 115

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