O cor-de-rosa do seu impermeável
na tarde cinzenta de meio de setembro
é um oxímoro feliz;
ela conhece as cores
que combinam com a tempestade
e não as usa para impedir o aguaceiro:
equilibra-o. Ama o tom destas tardes
e os mil nomes dos seus matizes.
Assim é: vê de onde ninguém olha,
lê debaixo das palavras
o que as palavras calam.
Quando piora o temporal
e tira os sapatos para caminhar descalça
a tarde declara que nada nela é prosa
tradução de Jorge Sousa Braga