Agora que a morte rasteja por todo o lado
e as nozes estão a rebentar as cascas,
escondo-me no hebraico.
Nada me acontecerá numa escrita inocente.
Nada me acontecerá
se eu for absorvida pelas letras,
se eu não sair da linha –
reduzido a um pequeno ponto
enfiado dentro de um O
ou na barriga de um C,
um ponto e vírgula a pingar lágrimas
como um prisioneiro.
Amada língua sagrada,
agora que tudo está no seu tempo
e tudo agora é horror,
quando o pomar se espreguiça
e a terra é arada,
eu faço apenas o que Rilke diz:
deixar que a beleza e o terror aconteçam
sem pensar
que esse é o meu fim.
versão para português por PML