Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
“Eh bobagem!”
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memórias e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.
in Reunião de Poesia, edições BestBolso, Rio de Janeiro 2020, página 38