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Porto visto por Alfredo Costa Monteiro

Porto visto por Alfredo Costa Monteiro

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ALFREDO Costa Monteiro é músico, poeta, artista visual e professor de línguas. Nasceu no Porto, na freguesia de Santo Ildefonso, tendo deixado o país aos oito anos, vivendo hoje em Barcelona. As restrições económicas da infância espevitaram-lhe a imaginação para substituir os brinquedos que não tinha. O que talvez explique o gosto que tem por uma certa austeridade, embora sempre ligada à noção de prazer. Quanto ao Porto: adora-o e odeia-o. Diz que tem potencialidades para ser um lugar maravilhoso, mas receia que o modelo seguido por cá (igual ao de Barcelona?) descaracterize a cidade.

Por Paulo Moreira Lopes

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?

8 de Outubro de 1964, em Santo Ildefonso, Porto.

2 – Até quando e onde viveu, de modo permanente, no distrito do Porto?

Vivi no Porto até aos 8 anos, perto do Marquês de Pombal.

3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?

Escola primária (primeira classe) na escola da Igreja do Marquês. (da qual não me lembro o nome)

4 – Grau de escolaridade?

Diploma de Belas Artes.

5 – Atividade profissional?

Musico, poeta, artista visual e professor de línguas.

6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu no distrito do Porto influenciou a sua vida (profissional ou artística, conforme for o caso).

Influenciou, e bastante. Vivia ao lado de um quartel militar, e eram os últimos anos da ditadura; presenciei e ouvi coisas que iria perceber mais tarde, mas que me marcaram para sempre. É provável que essa repulsão que tenho ao poder e a qualquer forma de coação venha daí.

Não tinha brinquedos ou mesmo muito poucos; como muitas crianças naquela época, tive que utilizar a imaginação para substituí-la ao que não tinha. E muito cedo, comecei a desenhar. Vindo de um meio bastante humilde, acho que a escassez de meios que tive e o desejo de transformá-la em virtude foi o que mais tarde alimentaria o meu gosto por uma certa austeridade, embora sempre ligada à noção de prazer. E claro, as minhas convicções políticas não seriam as que são se não tivesse crescido nesse contexto.

7 – Atual residência (cidade e país)?

Barcelona, Espanha.

8 – Como vê o Porto nos dias de hoje?

Parece que está a mudar. É tudo muito lento, mas parece que por fim, está a abrir-se cada vez mais. Já era hora, depois de tantos anos sendo uma cidade bastante fechada, decrépita e dura, à imagem do clima que tem. Adoro-a e odeio-a.

Acho que ainda lhe falta um certo equilíbrio na autoestima; às vezes tem demasiada e outra vezes, nenhuma. Como vou lá poucas vezes por ano, não sigo muito a oferta cultural não institucional, e é pena; sei que estão a aparecer iniciativas interessantes. E quanto à institucional, acho-a bastante pobre e pouco atrevida.

Só tenho medo que agora, o modelo seja Barcelona, como é ou já foi para outras cidades europeias. Obviamente, um modelo que faz perder a identidade a uma cidade, não pode ser um bom modelo. Por isso, acho que agora é preciso ir com muito cuidado em todas estas mudanças, mas com o potencial que tem, poderia chegar a ser uma cidade realmente maravilhosa.

9 – Endereço na blogosfera/web para o podermos seguir?

www.costamonteiro.net

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