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Porto visto por Fátima Vianna

Porto visto por Fátima Vianna

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FÁTIMA Vianna nasceu em Belo Horizonte, Brasil. As montanhas que cercam a cidade, na sua opinião, instalam a nostalgia, mas instigam a caminhar, o que se repercute na sua produção literária. Com mais quatro amigos criaram o coletivo O Grito onde divulgam postais poéticos. Acredita na possibilidade de um dia se formar um grande mosaico literário e colaborativo. Quando pensa no Porto, lembra-se imediatamente do oceano Atlântico, do rio Douro e do retrato do bisavô paterno. E avisa: quando vier a Portugal não se vai ficar somente pelo Porto.

Por Paulo Moreira Lopes

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?

30 de abril de 1963, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

2 – Atual residência (freguesia e concelho)?

Belo Horizonte, Minas Gerais.

3 – Em que outros locais viveu de modo permanente?

Geográfico, nenhum outro.

4 – Habilitações literárias/formação académica?

Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e pós-graduada em Revisão de Textos pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; especializada em Mídias Digitais pela Universidade Federal de Minas Gerais; profissional certificada em Antiginástica, método francês desenvolvido por Thérèse Bertherat.

5 – Atividade profissional?

Jornalista, revisora de textos, escritora e profissional certificada em Antiginástica.

6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu ou vive, influenciou ou influencia a sua vida artística?[1]

Flores do cerrado, montanhas e esquinas marcam  a minha geografia e a minha memória.Se um dia você encontrar um buquê de flores do cerrado mineiro, vai levar horas admirando cores e formas.São simples e enigmáticas, as flores.Algumas estão extintas; para muitos, a beleza é insuportável.As montanhas, por todos os lados, instalam a nostagia, mas  instigam o caminhar; são “morro acima” e “morro abaixo”,depende da direção. Belo Horizonte é feita de esquinas.Deparar-se com uma delas requer decisão imediata, nem sempre acertada.   

7 – Quando pensa na cidade do Porto lembra-se imediatamente de quê?

Penso nas águas do oceano  Atlântico, do rio Douro e no retrato do  meu bisavô paterno, Francisco Antônio de Lima. Nascido em Portugal ,em 13 de fevereiro de 1860, aos 12 anos, embarcou com o irmão mais novo e alguns amigos para o Brasil. Desembarcou no Recife, em Pernambuco, mas seguiu para  Rio Acima(olha as águas aí de novo!), cidade mineira onde abriu mais caminhos ajudando na construção do ramal ferroviário que ligaria Rio Acima a Arraial do Capão, atual cidade de Vespasiano.Aqui em Minas, descobriu o ouro, foi proprietário de mineradora de extração do metal, e se encontrou com minha bisavó, Maria Fellipa Nunes de Lima.

Estive em Vespasiano, pouco antes do Natal, com meus pais, participando do lançamento do livro “Quem foi sua rua”.Lá, na rua que leva o nome do meu bisavô, onde ocorreu o lançamento do livro, senti a presença corajosa dele.

Talvez seja por causa do meu bisavô que um pastel de nata, um pastel Santa Clara e um pastel do Convento de Coimbra, presentes fortuitos do meu marido para mim, comprados numa loja de Belo Horizonte chamada Doces de Portugal, sempre espantam a tristeza e as dúvidas.

8 – Já visitou o Porto? Em caso afirmativo, por que motivo e qual a ideia com que ficou da cidade e da região?

Não, nunca, mas quero ir não só a Porto, como também em muitas outras cidades portuguesas.

Literatura postal

9 – Tem a mania dos postais? Em caso afirmativo como explica essa apetência por uma literatura tão sucinta e tão efémera?

Não chega a ser uma mania, mas tenho alguns. Os postais surgiram no final do século 19. Naquela época, invenções como  o telefone, a fotografia  e o rádio estavam frescas.Eram novidade.Para acompanhar a velocidade do mundo,o  cartão-postal escancara o que era escondido.Para mim,a literatura cabe em qualquer lugar: no livro, no muro, no quadro, nas cartas, nos postais, nas mídias sociais, tatuada no corpo… ; e  nunca é sucinta.

10 – Sente mais prazer em comprar, escrever e enviar o postal, em saber que foi recebido por outro ou em receber postais de outros?

No final do ano passado, depois de algum tempo sem ir aos Correios, precisei enviar muitos escritos. Entre eles, alguns cartões d’O Grito, nossos postais literários. O melhor foi receber as respostas pelos Correios. Uma delas, de uma artista plástica mineira  chamada Ercília Moura, veio empacotada de emoção em um  cartão artesanal feito de papel branco, tecidos e  fios, com as letras mais lindas que já vi desenhadas.

11 – Tendo em conta a popularidade da correspondência postal, será que podemos falar de uma literatura postal, quem sabe como uma derivação dos contos ou microcontos?

Acredito que sim e vou além: os postais podem formar um mosaico, um grande mosaico literário e colaborativo.Vamos tentar?

12 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?

Página pessoal no facebook: https://www.facebook.com/fatima.vianna.1614
Coletivo O Grito : http://www.facebook.com/ColetivoOGrito

[1] A pergunta pressupõe a defesa da teoria do Possibilismo (Geografia Regional ou Determinismo mitigado) de Vidal de La Blache, depois seguida em Portugal por Orlando Ribeiro, de que o meio (paisagem, rios, montanhas, planície, cidade e, acrescentamos nós, linguagem, sotaque, festividades, religião, história) influenciam as opções profissionais e artísticas dos naturais desse lugar.

Menino-bicho por Fátima Vianna para a I Convocatória de Histórias em Postais.

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