NO banco, Cazuza, 69 anos, careca, franzino, quase pele e osso, assume lugar na fila de atendimento prioritário: idosos, gestantes e deficientes. Percebe um pouco a sua frente um jovem: atlético, tatuado, barba por fazer, camiseta regata, bermuda e tênis “all star”. Cazuza, indignado, comenta com idosos sobre o jovem na fila. Pede que guardem o seu lugar. Chega perto do jovem, mede, com olhar, aquela diferença de tamanho físico.
– Meu jovem. Não vejo em ti qualquer sinal de prótese. Nota-se que tens menos de 65 anos. Por favor, poderia informar qual a tua deficiência?
– Sou brocha, vovô! – a frase ecoou por toda a sala de atendimento.
Cazuza, cabisbaixo e vagarosamente, retoma seu lugar na fila.
– O que disse o jovem? – pergunta uma senhora.
– Que ele precisa de Viagra – responde Cazuza.
E na fila ao lado alguém gritou:
– Diário da Freguesia: “Vovô bicha canta jovem na fila do banco!”.
Por Protasio Ferreira e Castro