quando a primavera chegar e o inverno abrandar
quero oferecer-te flores
mas primeiro deixa que a nossa defesa anti-aérea
derrube os mísseis inimigos
quero encontrar-me contigo na estação de comboios
para podermos nadar no rio à noite
mas primeiro tenho de combater
e tu tens ajuda humanitária para entregar
quando voltar a haver verão e silêncio nos terraços
quero acariciar-te ao amanhecer
mas primeiro deixa os ogres terminarem os seus bombardeamentos
e arderem nos seus malditos tanques, quando retirarem
ninguém abandonará a sua vida futura
nenhum de nós aqui se assusta
com a saída do abrigo para a liberdade nós lutamos
enquanto nos beijamos ao som das sirenes
por Pavlo Korobchuk (Luzk, 1984), traduzido por Jorge Sousa Braga a partir da tradução de Nika Gorovska publicado pela Casa Fernando Pessoa