90. O que se vê sobre a cabeça do poeta não é uma auréola é uma nuvem
91. Onde quer que o poeta vá há sempre uma nuvem à sua espera
92. Mesmo no meio do deserto existe uma nuvem para fazer sombra ao poeta
93. As nuvens fazem fila para serem a musa do poeta
94. Não admira que a maioria das nuvens flutue com a cabeça no poeta
95. É por isso que o poeta quando sai à rua é perseguido pelas nuvens, parece a Maria dos Gatos perseguida pelas gaivotas quando vai à Rua do Barão de Nova Sintra dar de comer aos felinos
96. Como forma de agradar ao poeta as nuvens espremem-se todas para lhe regar o jardim
97. E em dias de chuva molham toda a gente menos o poeta
98. As nuvens falam com o poeta por gestos e sussurros
99. Quando o poeta se enfurece com uma nuvem logo essa nuvem se desvanece
100. Não há nuvens preferidas para o poeta apenas nuvens
101. Nuvens nuvens nuvens quando basta uma nuvem para inspirar o poeta
PML