– No fundo do espelho está o fotógrafo agachado.
Ilustração de César Fernández Arias, publicada in 100 Greguerías Ilustradas, edições Media Vaca.
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A greguería nasceu naquele dia de cepticismo e cansaço em que peguei em todos os ingredientes do meu laboratório, asco a asco, os misturei, e do seu precipitado, depuração e dissolução, surgiu a greguería – diz no Prefácio de 1960. Porque se chamam Greguerías?
Quando encontrei o género, dei-me conta que tinha que procurar uma palavra que não fosse artificial nem demasiado utilizada, para bem as baptizar.
Meti então a mão no grande saco das palavras e ao acaso, que deve ser o melhor padrinho dos achados, tirei uma bola…
Era greguería, ainda no singular; mas eu plantei essa bola e tive um jardim de greguerías. Fiquei com a palavra pela sua sonoridade, mas também pelo que esconde no mistério do seu sexo. Greguería, algaravia, gritaria confusa (…). O que gritam os seres confusamente, o que gritam as coisas.
Mas o que são as Greguerías? (…) Adágios? Refrões? Nã, nã. Nem uns nem outros: nem adágios, que são demasiado tristes e elegíacos; nem refrões que são coisa infecciosa.(…) São aforismos? (…)
Não. Também não é aforística a greguería; o aforismo é enfático e opinante. Não sou um aforista.
Fica-se então pela metáfora?
O material e o imaterial poder objectos de metáfora.
Todas as palavras e ase morrem na sua origem correcta e literal, e só atingem a glória quando passam a metáforas, porque as metáforas as tornam abstractas e embalsamadas.
A metáfora multiplica o mundo, não ligando à retórica que proíbe enlaçar as coisas só porque é importante para o fazer – Humor + metáfora = greguería.