“Nascera flor e flor se sentia. Não uma qualquer – nem poderia. Não era uma rosa,
tão pouco uma orquídea. Era apenas uma flor, no campo nascida.”
Tantas vezes ouviu a sua Mãe cantarolar esta cançoneta, que muitas vezes sem
querer a repetia; trauteava-a inconsciente quando o coração precisava de um
regresso à infância. De sentir o cheiro do leite acabado de ferver. De tocar a
roupa lavada acabada de apanhar do estendal, inundada de sol e contos para
recrear. De ouvir o riso dos petizes a regressarem da escola, travessos de sonhos e
esfomeados de primaveras.
Tal como a flor – no campo nascida – também respirava numa jazida. Onde as ondas
e o vento a embalavam. De volta à infância.
Por Ana Paula Barbosa, que vive em Lisboa, Portugal.