Ah, menino sério!
Ah, menino moleque!
Ah, homem de tantas idas e vindas!
Menino-garnisé, avesso ao carinho, mas pronto no afeto.
Menino-morcego, ferido no seu brinquedo favorito: voar.
Menino-pato, quaquaraquando no quintal sem lago.
Menino-pomba, asas tímidas, viajando nos limites do conhecido.
Menino-cachoro, coração de correria, de saltos, de mergulhos no céu.
Menino-leão, cabelo longo enfeitado de brinco, deslizando na cidade.
Menino-rato, girando na roda-gigante, pata traseira revirada, sem perder o caminhar.
Menino-gata, parindo vida em tudo o que vê, vadiando a favela em busca de alma gêmea.
Menino-beija-flor, atingido no peito, mas ressurgido.
Menino meu.
Homem do mundo.
Vai buscar seu bicho.
E se ele fugir, busca outro e outro e outro e outro.
Por Fátima Vianna que integra o Coletivo O GRITO e vive em Brasília, Brasil.