Na obra plástica de José Alberto Mar – pintor, poeta e visionário – confluem o passado e o porvir numa linguagem criptografada de sentimentos e saberes ancestrais que se abre para mundos para além do visível. (…)
Como se o artista, na reunião dos signos, buscasse uma linguagem universal para configurar um Mundo para além do tangível e do narrável à luz de um espírito em que a linha, a cor e o todo se confundem numa nova geometria de ressonâncias místicas. No alfabeto, que ao longo do seu percurso tem criado, reconhecemos a natureza (signos sugestivos de sóis, luas, mares, flores), o humano (cruzes, cabeças, corações, olhos) e formas ancestrais ou reinventadas numa caligrafia1 aliada à cor sobre o branco mudo do papel. Ora, quando o conjunto das formas se compõe em sistema surge o estilo, pois em cada um dos dados visuais da obra se reconhece a presença de uma “totalidade” pela qual o autor se revela de forma dinâmica, deixando uma marca inconfundível da sua arte.(…)
Em suma, é de um universo que falamos nascido da correlação plurívoca de signos, sinais, visões, onde o artista se reflete em símbolos comunicantes, representando em cada quadro a sempre nova face de um sempre eterno mundo.
Sofia Moraes
1Já em 1995, o pintor e crítico Eurico Gonçalves destacava a “pintura-escrita” de José Alberto Mar (in “VII Bienal de Cerveira-Tranquila e sem sobressaltos”. Diário de Notícias, 17.08.1995)