NO ALTO destas pedras, uma mulher, cabelo luzidio e olhos claros, reuniu a pequena comunidade. Falou em linguagem rude, áspera, como a vida de todos. No futuro esperam-nos dias felizes e abundância de frutos. Mas, antes de mais, devemos afastar do nosso caminho a ideia de deus. Ditas as palavras, um aguaceiro de pedras esmagava-lhe o olhar claro. Gorou-se, diz o homem do saco de cabedal, o primeiro gesto para salvar a humanidade.
Texto de Francisco Duarte Mangas publicado originalmente in O homem do saco de cabedal, Campo das Letras, maio de 2000, página 11, com ilustração de Inma Doval.