O PINTOR e arquitecto Fernando Lanhas, uma das maiores referências das Artes Plásticas portuguesas, morreu este domingo, aos 88 anos. O corpo do pintor está na capela do Foco, no Porto, e o funeral irá realizar-se na segunda-feira na cidade onde nasceu. Contemporâneo de Pomar, Resende e de Nadir Afonso, Fernando Resenda da Silva Lanhas é considerado o pai do abstraccionismo geométrico em Portugal.
Com uma obra extraordinária na área das Artes Plásticas, o arquitecto portuense tem ao longo da sua vida abraçado, estudado e desenvolvido matérias que vão desde a Arquitectura à poesia, da Arqueologia à Astronomia, da Etnografia à Geologia.
Fernando Lanhas completou a licenciatura de Arquitectura da escola Superior de Belas Artes da Universidade do Porto, época em que despertou o seu interesse pela pintura.
Nos últimos anos, apesar de já sofrer de alguns problemas de saúde, Lanhas continuou a pintar e a escrever diariamente.
Arquitecto de formação e pintor por paixão, Lanhas foi, sobretudo, um curioso incansável, um homem que gostava da vida e do sonho. Aliás, começou a registar os seus sonhos regularmente desde 1943.
“A arte é um fenómeno intrínseco à espécie humana. Um voo liberto e incontido pelo homem. A arte é um princípio ajustado àqueles que a fazem. É um fenómeno de intimidade ainda não entendido. Em suma, muitas vezes a arte não parece, mas é” – chegou a dizer o pintor ao JN, quando tentava definir a palavra “arte”.
4 de fevereiro de 2012, publicado in http://www.jn.pt/
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Fernando Resende da Silva Magalhães Lanhas (Porto, 16 de Setembro de 1923 – 5 de fevereiro de 2012) foi um pintor e arquitecto português. Estudou arquitectura na Faculdade de Belas-Artes na Universidade do Porto, mas ficou conhecido como sendo um pintor abstracto.
No ano lectivo de 1941-1942 inscreveu-se no Curso Especial de Arquitectura, da Escola Superior de Belas Artes do Porto, depois do qual se matriculou, no ano de 1945, no Curso Superior de Arquitectura, na mesma instituição de ensino. Terminou estes estudos em 1947 com a apresentação de um projecto sobre a construção de um museu, que lhe valeu a classificação de dezanove valores.
Nos anos passados na ESBAP mostrou-se um aluno atento e empenhado. Nesta instituição dirigiu o Grupo de Estudantes de Belas Artes. Teve por colegas Nadir Afonso, Júlio Pomar e Manuel Pereira da Silva com quem conversava sobre Arte. Começou a pintar quadros figurativos, que rapidamente se transformaram em obras abstractas. Envolveu-se na organização das Exposições Independentes dos Alunos da ESBAP, em 1944, e colaborou na página “Arte” do jornal diário do Porto, “A Tarde”, em 1945. Pouco depois viajou até Paris, onde visitou e desfrutou de importantes certames de Arte, como o Sallon des Réalités Nouvelles, em 1947.
Começou a pintar em 1944, influenciado pela música, pela astronomia e pelo abstraccionismo internacional.
Em 2005, foi doutorado “Honoris Causa” pela Universidade do Porto, sob proposta da Faculdade de Belas Artes.
Além do seu trabalho com arquitecto e pintor foi também um cientista, com estudos em campos como a arqueologia e a astronomia.
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