Saber morrer custa a vida.
Antes de percorrer o meu caminho eu era o meu caminho.
Vive-se com a esperança de se chegar a ser uma recordação.
Tudo é como os rios, obra das pendentes.
A flor que tens nas mãos nasceu hoje e já tem a tua idade.
As quimeras vêm sozinhas e vão acompanhadas.
Há dores que perderam a memória e não se recordam porque são dores.
Antonio Porchia nasceu em Itália em 1885 e emigrou para a Argentina após a morte do pai. Começou a trabalhar como cesteiro aos catorze anos e mais tarde comprou e operou uma gráfica com o seu irmão. Vozes, é o seu único livro e foi publicado pela primeira vez numa pequena edição privada em 1943 e depois ampliado e republicado em 1947. Era um autodidata que adorava cuidar de seu jardim. Morreu em Buenos Aires em 1968.