9.
Dizer o que se diz equivale
a dizer o que não se diz.
Palavras que se coisificam
à medida que as dizemos.
Pelo que dizer e coisificar
significam o mesmo vazio.
A mesma falta em nomear
o que nunca se quis dizer.
in O possível da medida, Edição Busílis, outubro 2018, pág. 9
8.
Preencha
o tempo
como se
não
houvesse
espaço.
in Um fio de perplexidade, Edição Busílis, outubro 2019
7.
Medida
A medida
da palavra
é a extensão
dos grafemas
que a
constitui
ou o peso
do seu
alcance?
in O possível da medida, Edição Busílis, outubro 2018, pág. 25
6.
O tudo que é pouco
Para o Tchello de Barros
UM
TUDO
NADA
PODE
SER
MUITO
POUCO →
5.
O poema
O poeta
deu
o poema
por
terminado
antes
de o
começar.
É por
isso
que estes
versos
não
existem. →
4.
Emer gência
quebrar
o poema
em caso
de emer
gência.→
3.
Poéticas
num país de líricos
quem tem olho
é visual. →
2.
o ar do mar que me estava a dar na cara foi um ar que me deu →
1.
– Logo na primeira página, precisamente na primeira linha, onde se lê era uma vez..., leia-se finalmente… →
Natural de Lisboa, Fernando Aguiar (1956) é Licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Paralelamente à sua actividade como artista plástico, poeta e performer, Fernando Aguiar organizou festivais, exposições e antologias de poesia experimental, entre os quais Poemografias: Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa (1985, com Silvestre Pestana), 1º Festival Internacional de Poesia Viva (1987), Concreta, Visual, Experimental, Poesia Portuguesa 1959-1989 (1989, com Gabriel Rui Silva), Visuelle Poesie Aus Portugal (1990), Poesia Experimental dels 90 (1994) eImaginários de Ruptura, Poéticas Experimentais (2002). Esta intensa atividade contribuiu decisivamente para a divulgação e afirmação nacional e internacional da poesia experimental portuguesa.
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