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Francisco Alvim

Francisco Alvim

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CÉU

Um céu, que não existe
ou talvez exista na França de Poussin
refratado nos interiores de Chardin
talvez em Turner
talvez em Guignard
certamente em Dante
ao chegar à praia do Purgatória
A felicidade que a luz traz
solta, nua neste céu
ou pensada

*

UM GUARDA-CHUVA

Un objet de circonstance
(um objeto de circunstância)
a été oublié dans la salle d’attente
(foi esquecido na sala de espera)

*

TIA ROSINHA

Ela não batia, não bradava
O olhar era bastante:
segurava
Fitava a vítima (o eleito)
adulto ou criança
com aqueles olhos que chispavam
Uma autoridade
bruta e mansa

*

PRESSA

Tem que ser rápido
preciso viajar
Surpresos com a impaciência
os funcionários tentaram acalmá-lo
Nenhuma demissão é imediata
Despediu-se do porteiro
Até logo
Preciso de descansar

Francisco Alvim (1938), é poeta e diplomata brasileiro. Publicou Poemas (1968-2000) e mais recentemente O metro nenhum.

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