9.
A
M
O
R
Uma a uma
as letras
caem,
lágrimas,
no rosto do papel.
in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 68
8.
TENTATIVA
Uma flor de silêncio
sela a minha boca.
Um peso de chumbo
aprisiona os meus gestos.
Só o voo dos meus olhos
te persegue
e tenta
trazer-te até mim.
in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 23
7.
INSTINTO
Como a árvore sabe a floração
e o pássaro o rumo, certeiro, do voo
a minha sede de ti
sei
in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 23
6.
Não é o restolhar do vento.
É a tua lembrança
que se ergue em mim.
Não é a rosa do sol a esfolhar-se.
É a minha boca – sede e romã –
que sangra na tarde.
Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
a fechar o horizonte. →
5.
NEGAÇÃO
O rio do teu corpo
não me foi margem.
Só na noite interior
das minhas pálpebras
provei a tua boca →
4.
NOCTURNO
Não há há estrelas
nem lua.
Só o lume duma traineirinha
é pirilampo na noite →
3.
As mulheres afadigam-se
a estender a migalha do sargaço
que a nortada trouxe à beirada. →
2.
Atravessa os campos da noite
e vem. →
1.
Tocam-me
como lábios,
como beijos. →
Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa, professora, ensaísta, tradutora, ficcionista e autora de obras de literatura infantil. Colaboradora de Árvore, Comércio do Porto, Colóquio/Letras, entre outras publicações periódicas. Revelando-se com uma prosa límpida, mas entretecida por uma subtil transfiguração metafórica e por uma intenção de crítica da realidade, onde se misturam os registos autobiográfico e cronístico, tem-se afirmado, nas últimas décadas, como uma importante criadora no domínio da literatura infantil.
Sito in http://www.infopedia.pt/