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Luísa Dacosta (1927-2015)

Luísa Dacosta (1927-2015)

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9.
A
M
O
R

Uma a uma
as letras
caem,
lágrimas,
no rosto do papel.

in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 68

8.
TENTATIVA

Uma flor de silêncio
sela a minha boca.
Um peso de chumbo
aprisiona os meus gestos.
Só o voo dos meus olhos
te persegue
e tenta
trazer-te até mim.

in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 23

7.
INSTINTO

Como a árvore sabe a floração
e o pássaro o rumo, certeiro, do voo
a minha sede de ti
sei

in A maresia e o sargaço dos dias, Edições ASA II, fevereiro 2011, página 23

6.
Não é o restolhar do vento.
É a tua lembrança
que se ergue em mim.

Não é a rosa do sol a esfolhar-se.
É a minha boca – sede e romã –
que sangra na tarde.

Não é a noite que desce.
É a sombra dos teus olhos
a fechar o horizonte. 

5.
NEGAÇÃO

O rio do teu corpo
não me foi margem.
Só na noite interior
das minhas pálpebras
provei a tua boca 

4.
NOCTURNO

Não há há estrelas
nem lua.

Só o lume duma traineirinha
é pirilampo na noite 

3.
As mulheres afadigam-se
a estender a migalha do sargaço
que a nortada trouxe à beirada. 

2.
Atravessa os campos da noite
e vem. 

1.
Tocam-me
como lábios,
como beijos. 

Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa, professora, ensaísta, tradutora, ficcionista e autora de obras de literatura infantil. Colaboradora de Árvore, Comércio do Porto, Colóquio/Letras, entre outras publicações periódicas. Revelando-se com uma prosa límpida, mas entretecida por uma subtil transfiguração metafórica e por uma intenção de crítica da realidade, onde se misturam os registos autobiográfico e cronístico, tem-se afirmado, nas últimas décadas, como uma importante criadora no domínio da literatura infantil.

Sito in http://www.infopedia.pt/

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