PRISÃO DE BARCOS
Presos nas amarras
inventamos horizontes
Quem me leva
ao corpo do rio
e a morrer dentro dele
in Barcos de papel, Edições Vírgula, março 2019, página 37
7.
SERENIDADE
Serenidade
faz com que os beijos
cheguem à altura dos ombros
e que os lábios
cheguem à altura dos beijos
Tranquiliza as águas
adormece os montes
amortalha-me em ti
in Barcos de papel, Edições Vírgula, março 2019, página 81
6.
PUREZA
Tão puros os olhos
que avistam os barcos
a subir encostas
Tão puras as mãos que tecem as velas
das altas montanhas
Olhos, barcos, velas
encostas e montanhas
Tudo é rio
Tudo é água
a morrer à sede
in Barcos de papel, Edições Vírgula, março 2019, página 12
5.
Chove em Pedorido meu amor
E tudo à minha volta é frio, é dor
Desolação, tristeza e agonia
Violenta agita as águas do meu rio a nortada
Soluçam os barcos saudosos de acalmia
Estremecem os salgueiros, é fria a madrugada →
4.
Vem
Quando se fizer silêncio em meu redor
e a urze se cobrir de violeta
3.
O silêncio da tua voz quebrou o tempo
A doce madrugada emudeceu →
2.
O sol morria à tarde, docemente.
Quando em ti meus olhos se ficaram →
1.
Comando uma fragata naufragada
Arrasto pelas águas a idade do tempo →
Manuel Araújo da Cunha, nasceu e reside em Rio Mau pequena aldeia de pescadores, lavradores, barqueiros e mineiros, situada na margem direita do rio Douro e no extremo sul do concelho de Penafiel. É autor dos livros: Contos do Douro, Dourointeiro, Dourolindo, A Ninfa do Douro, Palavras- Conversas com um Rio e Fado Falado-Crónicas do Facebook. Administra os blogues: Dourointeiro e Douro Lindo. No Facebook além da página pessoal e a de Autor, administra os Grupos: Livros, Escritaria e Douro Lindo.