OLHAR
cabe a cada coisa seu lugar
e a linha que traça no ar
e merecer um olhar de criança
longe do hábito de
chamar-lhe verde
azul terno vermelho maduro
triste alegre indiferente
cabe a cada inverno
ser estação sem
a clemência de uma queixa
lá por ser difícil dizer a um olhar
tu vai ser eterno
e o vento procurar a fúria
nas folhas que não estão →
Sofia Moraes. Nasceu no Porto. Felizmente. Partilha da alma da cidade com recorrentes apelos de uma costela transmontana. Das fragas. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e integra no ofício criativo, sempre que possível, o exercício da docência da disciplina de Português e, claro, a escrita, até agora caracterizada pela concisão. E, por isso, poemas quase sempre, e contos, de vez em quando. Participou em grupos e sites literários com divulgação online. “A Olho Nu” é a sua primeira obra publicada e é fruto de uma exigente seleção de poemas que abarcam uns cerca de vinte anos em busca de uma esperada “voz própria”. A que lhe segreda desta indecifrável teia que é a vida e o mundo.