QUANDO Marx inventou a luta de classes e o materialismo histórico, usou a expressão “ópio do povo” para se referir à alienação produzida pela religião, criadora de ilusões e aparelho de repressão da massa operária: “a religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo”, escrevia Marx na Crítica da filosofia do direito de Hegel em 1843.

O espírito anticapitalista da Teologia da Libertação não está de acordo com isto e certas realidades confirmam até que o capitalismo industrial e as igrejas se alinham com certo rigor geométrico ao longo da Rua da Estrada, como se S. Bento tivesse outra vez revisto o princípio fundamental da vida monástica beneditina – Ora & Labora.

SOBRE O AUTOR: Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo e professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde também é investigador no CEAU-Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo. É autor de A Rua da EstradaVida no Campo e Volta a Portugal. Colabora com o Correio do Porto desde janeiro de 2015.

Publicado originalmente em 22 de Julho de 2015

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