À minha neta Anica
A neta explora-me os dentes,
penteia-me como quem carda.
Terra da sua experiência,
meu rosto diverte-a, parda
imagem dada à inocência.
Finjo que lhe como os dedos,
fura-me os olhos cansados,
intima aos meus próprios medos
deixa-mos sossegados.
E tira, tira puxando
coisas de mim, divertida.
Assim me vai transformando
em tempo da sua vida.